domingo, 4 de março de 2012


Loucos ou doentes?

Há poucos dias, publiquei um texto de título “Agressividade humana”. Oportuno lembrar que, a cada dia, os homicídios inesperados aumentam. – Dias atrás, num condomínio aqui no bairro do Rosarinho, um jovem de 22 anos de idade tentou esfaquear a irmã. Esta procurou uma vizinha para se proteger. A vizinha a protegeu da morte. Então, o jovem enfurecido assassinou a vizinha de ambos.
Não satisfeito, o assassino invadiu o apartamento de um cidadão, no terceiro andar do mesmo prédio. Segundo dizem, o criminoso estava nu. O cidadão que teve a casa invadida estava com a mulher e filhas. Estas se trancaram em um quarto, num gesto de autodefesa. O dono da casa nem teve tempo de dialogar com o invasor. Ameaçado, atirou no peito dele e o matou.
Dias depois, foi a vez de um pastor anglicano e sua mulher. Foram vítimas da ira de um rapaz que fora adotado, como filho, por aquele casal. O tal homicida matou os dois. E tentou mutilar-se. A seguir, ficou custodiado num hospital, tratando-se dos leves ferimentos.
Esses dois episódios sangrentos trouxeram-me à mente um outro caso bárbaro que ocorreu no dia 6.1.1985: - Roberto Agostinho Peukert Valente, então com 18 anos, assassinou a mãe, o pai e três irmãos menores. Com tiros de revólver e golpes de facão, Roberto Peukert patrocinou tamanha atrocidade, com a tranquilidade de quem estivesse jogando cartas pra se distrair.
Terminado o massacre, o maldito garotão pôs os corpos no porta-malas de um dos carros da família. E foi deixá-los junto ao cemitério em Congonhas – Zona Sul de São Paulo, onde abandonou o veículo.
Lá ficaram os restos do pai dele, Mário Valente, 46 anos; da mãe, Karin Klaudia Peukert, 42 anos; da irmã Cristina, 16 anos, e dos irmãos Paulo e André. Aquele com 17 anos; e este com oito anos de idade. – A barbárie se deu na residência da família – na Vila Santa Catarina –, também Zona Sul paulistana.
No recente artigo referido acima, eu falei nos diversos motivos de ordem pessoal que podem levar uma pessoa à violência desmedida. Faltou chamar a atenção para um aspecto institucional que colabora grandemente na elaboração de futuros crimes pelo mesmo autor de outro crime, ainda quando este é condenado. Isto é, um fator que contribui com a reincidência do criminoso: a falta de cumprimento das normas penais, dentro dos presídios.
Vejamos: - Em 1987, Roberto Peukert foi sentenciado a 25 anos de reclusão, pela chacina. Mas o juiz o considerou semi-imputável. Assim, substituiu a pena pela internação em manicômio judiciário, de onde ele só poderia sair, de início, sob escolta policial. E teria de passar por periódicas avaliações psicológicas e psiquiátricas.
Contudo, fosse qual fosse a pena; com ou sem substituição dela, o nosso Sistema Penitenciário sempre beneficia alguns criminosos e prejudicam muitos outros.
Roberto Peukert foi enquadrado em quase todas qualificadoras e o crime revestiu-se dos agravantes que a lei enumera. – E a pena aplicada pelo juiz Nilton de Melo foi bem dosada. – Bastaria que o homicida houvesse cumprido os 25 anos completamente, fosse em presídio, fosse em manicômio judiciário. Contanto que cumprisse como manda a letra da lei, em sua sabedoria. Só que a sabedoria do legislador fica só no papel. - Assim, o rigor devido foi de água abaixo. - É o que veremos no próximo texo.
Voltarei a este assunto, abordando aspectos legais da pena, assim como os artifícios macabros de Roberto Peukert, associado este a agentes penitenciários desonestos, durante esses vintes e tantos anos./.

sexta-feira, 2 de março de 2012


Acordo ortográfico  (1)


"No Brasil, fala-se português com açúcar.”


Eça de Queiroz

Reportando-se ao acordo ortográfico que sentou praça em nossas praças, o Millôr Fernandes diz que teme perder o chapéu, ops!, o circunflexo no Millôr. Eu lhe disse que sossegue, porque o circunflexo é nosso. Depois me lembrei de que o circunflexo também é de muitas outras línguas.

Vêem, antevêem, revêem, dêem, crêem, descrêem devem perder o circunflexo. Mas vêm, intervêm, provêm, têm, mantêm, detêm não vão perdê-lo. Vão mantê-lo.

Porém, sempre há um porém. O Millôr tem outras indagações: se houve plebiscito nessa história de acordo; se alguém ouviu um grande escritor ou algum dedicado professor de português, dos tantos quanto existem por aí. Segundo o Millôr, só os velhinhos da ABL daqui e de lá (Portugal) foram auscultados.

Mas eu ouvi alguns professores. E senti a preocupação deles com as dificuldades que advirão para os seus alunos. Até porque a muitos professores, que não sejam tão dedicados, faltam conhecimentos e sensibilidade para lidar com essa problemática. E ninguém pensou como será a capacitação desses professores já meio capengas.

Pois precisam preparar-se para dizerem aos seus alunos que eles podem escrever das duas maneiras - a de antes e a pós-acordo. E dizerem que nenhum professor, nem banca nenhuma pode tirar ponto de aluno ou candidato que escreveu paranóia, antiinflacionário, idéia, heróico, freqüente, argüir, vêem, crêem, auto-escola etc., numa prova ou concurso público. Que eles, os alunos e nós todos, temos até 31.12.2012 para nos adaptar a essa barafunda. (*)

E a confusão se vai instalar na cabeça de muitos: ao dizer que idéia, heróicos, Coréia, paranóico não têm mais acento agudo, o professor tem que dizer por quê. Ao explicar que papéis, heróis, anéis, carretéis, anzóis, caracóis vão manter seus acentinhos, também precisa ele dizer por qual razão. Deixar claro que o acento só morreu para os ditongos abertos das palavras paroxítonas. E está vivinho da silva para os das oxítonas.

Haja dúvidas por cima de dúvidas. Porque nós vamos continuar escrevendo em língua portuguesa. E os alunos têm que escrever muito vida afora.

Agora mesmo o Instituto Rio Branco está abrindo inscrições para concurso de admissão à carreira de diplomata. O concurso abrange quatro fases de provas. Quem lograr êxito na primeira fase, que consta de várias matérias, vai para a segunda fase, somente de língua portuguesa escrita, com caráter eliminatório e classificatório. Se passar, submete-se às outras duas fases.

Pergunto: quem não quer melhorar de vida? Todos queremos, novos e velhotes. Mas, para isso, é preciso saber escrever na língua-padrão. Do contrário, o Itamaraty dá-lhe um pé-na-bunda.

Quem já tinha dificuldades com a língua, vai ficar pior. Então, dentro do Brasil, nenhum ganho houve para nós. Só há ganhos para os comerciantes de livros didáticos, dicionários, manuais de redação etc.

Assim, chamamos isso de grande acordo comercial. Se houver um pequeno ganho nas relações internacionais, isso não justifica os gastos, que serão lançados na coluna de prejuízos. Prejuízos para nós, pagantes de impostos. Não tenham dúvidas: sobrou pra nós, os macaquinhos que votam e pagam impostos!

E se é certo que outros medalhões não foram consultados, também é certo que foram muitas as viagens para seminários, congressos, conferências etc., para tratar dessa minirreforma. As conversações começaram em 1986. Portanto, foram 22 anos de proveitosas (para quem?) viagens e convescotes. E os países africanos, que falam o português, quase nem foram ouvidos.

Pra que ouvir africanos? - Devem ter pensado os grandes reformadores. Ocorre que há bons escritores nos países africanos de língua portuguesa.

Gastaram-se alguns milhões nessas idas e vindas. Mas os milhões já gastos com os convescotes, não são nada, se comparados com os milhões e milhões que se vai começar a gastar para reeditar tudo. O Ministério da Educação pode falar sobre o material escolar que se deve importar, satisfazendo os editores, que são pouquíssimos, mas vão ganhar muitíssimo, à custa desse acordo. Muito dinheiro nosso vai rolar por baixo e por cima desse miniacordinho.

Portanto, os velhinhos de lá e de cá, obraram muito bem quando puseram o nome acordo. Porque se trata de um acordo financeiro. Acordo comercial. E em acordo comercial, ninguém se une. Apenas existem os ganhos financeiros. Cada qual defende os seus. Ou seja, ninguém deixa o seu na reta. Depois, havendo civilidade (se é que há civilidade entre comerciantes) - havendo civilidade, comemora-se o resultado entre os ganhadores. E sai-se pra outra. Esse é o jogo das finanças!

O que se contém nesse esboço de acordo, que teve uma gestação de 22 anos, é um fiasco. Veio mais para confundir do que para explicar. Isso não é teimosia, nem apego a velhos costumes, nem radicalismo, nem saudosismo, nem conservadorismo. É constatação!

Tenho encontrado esse texto em vários veículos de comunicação. Do "Estadão" ao portal de internet "Corto cabelo e pinto". Muitos o reproduzem. No Corto cabelo e pinto, há comentários de leitores. Alguns deles se viram contra o presidente Lula que assinou o acordo. Dizem que o presidente da República é semi-analfabeto (?) e, por isso, tal aberração haveria de ter a sua chancela.

Apesar de dicionários registrarem semi-analfabeto, eu não concordo com esse termo. Porque ou você é alfabetizado, ou semi-alfabetizado ou é analfabeto. Mas, deixa pra lá. O danado é que os que dão essas opiniões usam o português sinuoso e subnutrido.

Por essas e outras, resolvi dar os meus palpites sobre o acordo que se diz ortográfico e que está aí na praça. Nunca vislumbrei nele mudanças para melhor. Também não acredito que ele vá unir coisa nenhuma. Então, julguei-me no direito de me intrometer. Antes, porém, quero citar alguns pontos de vista de quem entende do assunto.

Leiam o que escreveu a respeito, Marcelino Freire, escritor e ganhador do Prêmio Jabuti, pelo seu livro "Contos negreiros": “Essa coisa é, repito, mais financeira. Não acredito que seja para melhorar. Nunca acredito nisso. Em projeto para unificar. Eu quero desunificar a língua. Como escritor, deixem que eu mesmo mexa nela. Requebre e rebole. Bote ou não bote trema. Deixem que eu trema. Que eu junte ou não junte. Minha pátria é minha língua. Logo, única. Viciada. Por que, ora, em vez disso, atenção e aviso: o pessoal não se preocupa em banir o estrangeirismo excessivo pelas ruas e 'shoppings'? Pelos edifícios. Xô, MacFish. Quero o peixe, o tubarão. Certo? Chega de 'all right', meu irmão."

E o escritor angolano, Ondjaki, autor de "Os da minha rua", pensa do mesmo jeito de Marcelino.
O escritor e jornalista português, João Pereira Coutinho, que tem excelente coluna no jornal Folha de São Paulo, considera o acordo "um brutalíssimo erro". E notem que Coutinho, nos seus artigos assinados, procura usar os vocábulos empregados na nossa escrita e não os de uso em Portugal.

O professor e estudioso da nossa língua portuguesa, Pasquale Cipro Neto, disse: "Estamos fazendo a reforma no susto." Pasquale ainda acredita nesse ensaio de reforma. Mas nem deveria acreditar.

Os retoques finais desse acordo, saíram da luneta do renomado professor e acadêmico da ABL, Evanildo Bechara. Na redação do miniacordo, há impropriedades de colocação pronominal e redundâncias. Mas isso é de somenos. Não é a redação que está em debate. É a essência do projeto; é o que ele poderia representar de avanço. Mas, não houve avanço. Trocamos seis por meia dúzia.

Basta que o leitor atento veja a quantidade de observações e pendências que estão no texto. São exceções que não vieram para confirmar a regra. Essas exceções vieram para mostrar os desacertos.

Se ao menos houvessem escrito Chico em vez de Francisco, haveria um ganho: menos letras no texto. Mas, do jeito que está posto, quem não sabia usar hífen, vai continuar sem saber. Porque o hífen continua existindo. Apenas mudou de lugar. Ele não sumirá das nossas penas, nem dos nossos teclados. Até o trema permanece nos nomes próprios, de língua estrangeira, e seus derivados: Müller,mülleriano,Jünger,Bündchen.

Mas o trema praticamente nos abandonou. O hífen, teimoso que é, não nos vai abandonar. E como ficam as mentes de quem mal acabou de se alfabetizar, ao deparar-se com quente e frequente; com aquilo e arguir; com banquete e consequente? Como pronunciar?

Os defensores do miniacordo dizem que o espanhol é falado por 400 milhões de pessoas e tem escrita única. Matreiramente, esses defensores não dizem que dentro da Espanha existem quatro idiomas: o castellano (oficial); o gallego; o catalán e o bascuense. São idiomas com escritas diferentes. Não são dialetos.

Deixemos o espanhol, para nos ater às incongruências do pretenso acordo. Basta-nos observar o emprego do hífen. Na forma anterior, pouca gente sabia usá-lo. Na forma hoje pretendida, tornou-se o samba do crioulo doido: muitas palavras mantêm o hífen; muitas outras das que o tinham, deixaram de tê-lo; e outras que não o tinham, adotaram-no.
Ora, quem corta o trema / que diz onde está o fonema / e que dá o tom da pronúncia do que é conseqüente / e mostra tudo quanto é quente. / Por que manter o hífen em vice-presidente?
É muita desordem num só pacote!

Exemplos de palavras que mantêm o hífen: ano-novo (o ano entrante: feliz ano-novo); bom-dia, boa-tarde, bem-vindos, guarda-chuva, recém-nascido, oba-oba; recém-iniciado, pré-histórico, porta-malas, conta-giros, contador-mor, pré-natal,
conta-gotas, pós-cadêmico, pró-reitor, mal-entendido, azul-claro, pró-empresários, cor-de-rosa, segunda-feira, sexta-feira, erva-doce, vice-rei, malmequer-amarelo, sem-vergonha, além-fronteira, pós-graduado etc.

Está pronta a salada.
Voltarei ao assunto. - José Fernandes Costa-jfc1937@yahoo.com.br
(*) NOTA - Este texto foi produzido no final de 2008.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Mocidade e conflitos

No dia 1º de fevereiro de 1985, publiquei numa revista semanal, artigo que começava assim: “Em São Paulo, na madrugada de 6 de janeiro de 1985, um jovem de dezoito anos matou, a tiros e facadas, sua mãe, após esta haver desligado, com reclamações, um som que ele ligara em alto volume, momentos antes. Não satisfeito, assassinou, também, o pai e mais três irmãos menores. Preso no mesmo dia, o assassino dormiu e se alimentou normalmente. E declarou que antes do crime havia regressado de uma festinha onde tomara alguns refrigerantes. Com naturalidade, perguntou ao delegado se teria direito à herança dos bens materiais da família recém-destruída”.
Esse foi só o início do artigo daquela data. E novamente em São Paulo, na noite de 30.10.2002, uma jovem, às vésperas de completar 19 anos de idade, planejou a morte dos seus pais, e mandou executá-los, de modo cruel pelo namorado dela e o irmão deste.
Isso nos faz constatar que proporção elevada de pais e filhos vive o grande desencontro de cada dia. Os pais, muitas vezes implicam com coisas banais ou se contrapõem a ações e atitudes incorretas dos filhos. Estes, em certas fases da vida são rebeldes e inconformados; protestam contra tudo e não gostam de cumprir normas. Também, com relativa razão, não aceitam receitas prontas!
Ocorrências desse porte, em que filhos matam pais ou avós, têm-se repetido com relativa freqüência. Seja em São Paulo, seja em Manaus ou em Porto Alegre.
No referido episódio de 2002, que envolveu a família Von Richthofen novamente se falou em herança e outros bens materiais de pronta liquidez, como jóias e dinheiro. Mas tudo começou com a discordância dos pais de Suzane com um namoro mantido por ela, com um jovem de classe mais humilde e de costumes duvidosos.
Em situações desse tipo, os pais têm de considerar algumas sutilezas, para poder agir com a devida maturidade.
Nada obstante, não dá para acreditar que coisas tão pequenas resultem tragédias tão grandes. A frieza, a surpresa – as vítimas estavam dormindo –, os requintes de crueldade etc. Ademais, com comemorações subsequentes e ensaio de orgias logo após o crime. Atitudes essas que causam imensa perplexidade.
Nos momentos seguintes ao assassinato, inclusive no sepultamento, os dois filhos do casal trucidado, Suzane e Andréas, este, então, com 15 anos de idade, se comportaram como se nada houvesse acontecido.
As polícias trabalharam com muitas evidências e logo descobriram que os autores haviam sido a filha das vítimas, o namorado dela, e o irmão deste. Meses depois, houve a reconstituição do assassinato, pela Polícia Técnica. Os dois rapazes assassinos se apresentaram muito nervosos e choraram bastante. Foi necessário muito jeito, calmantes, e a interrupção dos trabalhos para conter o desespero de Daniel, o namorado de Suzane, que, como criança, tremia e chorava, por voltar ao local do crime e ver o cenário onde dias antes ele era ator.
Enquanto isso, Suzane, a filha dos mortos, e mentora do diabólico plano de execução, não derramou lágrimas. Falou naturalmente como se nada houvesse se passado ali.
Essas coisas nos remetem à complexidade do ser humano. A própria Psiquiatria e a Psicologia Forense têm dificuldades de lidar com tais comportamentos. Suzane Louise, moça de classe média alta, estudando o 1º ano do curso de Direito numa das melhores universidades de São Paulo, aparentemente, nada lhe faltava no campo material. Assim, espantou meio mundo com essa capacidade tão imprevista.
De outra forma, vejamos: - os pais não devem tudo aos filhos. E estes devem, ao menos, obediência a seus pais, afora outras obrigações. Por outro lado, os jovens de hoje recebem uma carga muito grande de informações; um verdadeiro bombardeio que, por vezes, deixa-os confusos. E isso não lhes dá maturidade. Pode, ao contrário, resultar muita instabilidade emocional. Nesse estágio da vida, adolescentes e jovens costumam ser agressivos com a família; aparentam autossuficiência; estão sempre contestando e não demonstram interesse em ajudar pai e mãe, negando-se a colaborar com os afazeres domésticos. De outra parte, são exigentes quando se dirigem aos pais para reclamar algo ou solicitar algum benefício. Querem presteza e rapidez, coisas que nem sempre dão em contrapartida. Mas tudo isso comporta as exceções de praxe.
É sabido que compete aos pais disciplinar o temperamento e as vontades dos filhos, impondo-lhes limites; e para que essa cadeia de formação se complete sem choques e com sucesso, é preciso que os primeiros saibam organizar o caráter dos segundos, exercendo autoridade nos moldes do bom senso.
É arriscado afirmar se os autores daquela monstruosidade merecem repulsa ou cuidados. Sem muito esforço, contudo, entende-se que houve uma violência no seu estilo maior. Que mais se poderia esperar de tipos violentos?
O comportamento é um aspecto psicossomático do indivíduo. O bom caráter é o temperamento disciplinado para as boas normas de conduta social. A personalidade se modifica, amiúde, conforme o meio onde vivemos. E tudo o que é transmitido pela genética está sujeito às influências do ambiente, que fazem parte da formação do caráter. Daí a necessidade de conhecermos os nossos filhos e o seu mundo.
Algumas imposições por parte dos pais podem ser interpretadas como desrespeito à individualidade da pessoa e poderá ser a gota que faltava para fazer transbordar a tina que já estava cheia. Entretanto, convém que se diga aos jovens que desespero e atos extremos nunca diminuirão dificuldades; pelo contrário, somente tendem a aumentá-las. E a vida é o nosso bem maior, que não devemos destruir, porque, com ela, quando tudo falta, resta ainda a esperança.