sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Fábula das bolachas











Esta fábula é meio antiga. – Mas resolvi relembrá-la:

Uma moça estava na sala de embarque de um aeroporto à espera de seu voo. Como deveria esperar muito tempo pela chegada da aeronave, resolveu comprar um livro para ajudar a passar o tempo. Comprou, também, um pacote de bolachas. Sentou-se numa poltrona para que pudesse descansar e ler em paz.

Ao seu lado se sentou um homem desconhecido. Quando ela pegou a primeira bolacha, o homem também pegou uma. Ela se sentiu indignada, mas não disse nada. Apenas pensou: "Que cara de pau!” - “Se eu estivesse mais disposta, daria um soco no olho dele para que ele nunca mais se esquecesse disso."

E a cada bolacha que ela pegava, o homem também pegava uma. Aquilo a deixava tão enraivecida que ela nem conseguia reagir. Quando restava apenas uma bolacha, ela pensou: "O que será que esse atrevido vai fazer agora?"

Então o homem dividiu a última bolacha ao meio, deixando a outra metade para ela. – Para aquela moça, aquilo era demais! – E ela estava muito irada e enfurecida com o tal companheiro de viagem! Assim, pegou seu livro e os demais pertences e se dirigiu para outro local mais adiante, a fim de ter um pouco de sossego.

Quando ela se sentou noutra poltrona no interior do avião, abriu a bolsa pra pegar um bombom, e, para sua surpresa, o seu pacote de bolachas estava lá, ainda intacto, fechado. Só então a jovem percebeu que a errada era ela, sempre tão distraída. Ela havia se esquecido de que suas bolachas estavam guardadas, dentro de sua bolsa.

Foi aí que sentiu muita vergonha de si mesma!

Ora, o homem havia dividido as bolachas dele sem demonstrar indignação, nervosismo ou revolta, enquanto ela tinha ficado muito transtornada, pensando estar dividindo as dela com ele. E já nem havia mais tempo para se explicar ou para pedir desculpas a ele.

Posto isso, quantas vezes, em nossa vida, comemos as bolachas dos outros sem ter consciência disso? – Moral da história: antes de tirar conclusões precipitadas, observe melhor; talvez as coisas não sejam exatamente como você pensa. Não pense o que não sabe sobre as pessoas que, nem ao menos, conhece.
 

Concluindo: - Existem quatro coisas na vida que não se recuperam: a pedra, depois de atirada; a palavra, depois de proferida; a ocasião, depois de perdida; e o tempo, depois de passado. /.