Língua Dinâmica
José Fernandes Costa – jfc.costa15@gmail.com
As provas do Enem já estão chegando. Muita gente precisa sair-se bem em redação e Língua Portuguesa! – Assim, todo cuidado é pouco, para quem
quer ser bem-sucedido nesses concursos! – Outro dia, recebi um texto bem
escrito. – Mas, numa frase, havia um verbo fora de sintonia. A pessoa escreveu:
“O que ‘fale’ o Brasil é...” – Referia-se ao verbo FALIR. – Notem: o verbo
FALIR, só se conjuga quando ele NÃO se confundir com o verbo FALAR. – Assim, no
presente do indicativo, apenas duas pessoas verbais se salvam. São “nós falimos
/ vós falis.”
Como FALIR não tem a primeira pessoa do presente do
indicativo, consequentemente não tem o subjuntivo presente. – Posto que o
subjuntivo presente provém da primeira pessoa do presente do indicativo. Se
alguém disser: - “Se for assim, fale tudo...” – Aí nós vamos ficar pensando que
o sujeito ou a sujeita vai FALAR TUDO! – Portanto, nesse caso, substitua-se o
VERBO: “Se for assim, quebra tudo; ou tudo abre falência.” – O verbo ADEQUAR e
outros, seguem nessa mesma direção.
2. Entre / dentre: - Quando empregar um e outro? –
Os escreventes da imprensa e outros falantes, deitam e rolam em cima do
“dentre”. – Não querem saber se há regra, nem regras. – Um apresentador de TV
perguntou a um candidato a casamento: “’Dentre’ essas moças aí, qual a que você
vai querer?” – Bobeou feio. – Vejam: “Dentre” quer dizer “do meio de”. Para
empregar “dentre”, o verbo tem que pedir a preposição “de”. – Também, não seria
nada elegante perguntar: “do meio” dessas moças, qual (o quê?) você vai querer?
– Assim, o candidato poderia entender “qual pedaço” (??). – Então, o óbvio é
perguntar: “Entre essas moças aí qual você vai querer?” (Qual delas?) – De
outra parte (sempre há uma parte); de outra parte, nós dizemos: “Dentre o
emaranhado de galhos, saltou um passarinho.” “Dentre os presos, surgiu um
ferido.” “Dentre os convidados, saiu um idiota.”– Ou seja, do meio dos galhos,
saltou um passarinho; do meio dos presos, surgiu um ferido; do meio dos
convidados, saiu um idiota. - Dentre = de entre (contração da preposição “de”
com “entre”). – Na dúvida prefira sempre usar “entre”. – “Entre aquelas pessoas
alegres, havia um doente.”
3. Em belos versos Fernando Pessoa disse: - “O
poeta é um fingidor / finge tão completamente / que chega a fingir que é dor /
a dor que deveras sente...” – Tomemos o verbo “fingir” no sentido original, do
latim (fingere). – E vamos a “fingidor”, no português de Portugal: o que é
equivalente àquele que modela em barro, esculpe (esculpir), constrói. – Daí
surgiu a nossa “areia de fingir”, tão usada nos acabamentos de imóveis
(construção civil). – A areia de fingir é de largo uso lusitano, no sentido de
esculpir, modelar, dar acabamento etc. – Assim, diferentemente do que muitos
brasileiros podem pensar, Fernando Pessoa não quis dizer que o poeta seja
“dissimulado, hipócrita ou insincero”. – Fernando Pessoa não pensou, nem
pensaria assim. – Em suma: Fernando Pessoa quis dizer e disse que o poeta é um
escultor dos sentimentos etc. – É o que penso!! /.
Nenhum comentário:
Postar um comentário