Erros, defeitos, virtudes
José Fernandes Costa
Numa revista de pequena circulação, anotei,
dentre outras, a seguinte oração, atribuída a uma criança que se dirigia a seus
pais, nestes termos: - “Não se mostrem
para mim como pessoas perfeitas e infalíveis. Ficarei extremamente chocado (a)
quando descobrir os erros de vocês”. – Essa sentença enfeixa forte dose de
realidade, além de conter bastantes ensinamentos.
Porquanto,
muitos pais se julgam donos de todas as verdades e de todas as virtudes. Não
reconhecem seus erros, tampouco admitem discuti-los. Também não aceitam debater
pontos de vista porque, nem sequer, entendem que possam cometer enganos. Contudo,
os filhos descobrirão, em pouco tempo, não só uma, mas centenas de meias verdades
e inúmeras contradições, se elas existirem. A esses pais falta um traço
fundamental da personalidade humana, qual seja: a humildade. Essa incapacidade de reconhecer os defeitos diante dos
filhos faz com que muitos pais tropecem nos próprios fracassos. E só muito
adiante se advirtam disso, quando poderá ser muito tarde.
Humildade é qualidade que se completa com firmeza. E a falta
de humildade é medo de não ter autoridade. – Autoridade é condição básica para
quem cria e educa. Mas ela deve ser exercida com bondade, firmeza, serenidade e
tom de voz que não amedronte nem humilhe. – Existem pais que nunca pediram
desculpas a um filho, nem retiraram uma vírgula de um “sermão” desastrado e
agressivo, somente porque sempre temeram perder a autoridade; talvez porque
nunca tiveram autoridade verdadeira. Isto é, autoridade respeitosa. – Ou,
ainda, por imaginarem ser humilhação admitir erros.
Quem assim
age, deixa escapar boa oportunidade de ser pai na sua plenitude. Pai para todas
as horas, prestigiados e admirados pelos filhos. Quando passa o calor das
discórdias, muitos desses pais até se dão conta dos inúmeros erros e se
arrependem de grosserias cometidas. Mesmo assim, preferem sofrer calados - e
alguns sofrem de verdade - a terem de dar o braço a torcer diante de um filho.
No entanto, não são somente os
desencontros de opiniões que afetam as relações pais e filhos. Há, também, os
desvios de comportamento e os defeitos morais, que são muito mais graves. E que
se procura esconder a todo custo e por todo o tempo, mas que, um dia, serão
descobertos. E é na hora da descoberta de tais defeitos que os filhos ficam
extremamente chocados, com a dúbia e dupla moral - faça o que eu mando, mas não
faça o que eu faço -, daqueles que têm o sagrado dever de servirem de exemplos
e modelos para seus filhos.
Por tudo isso, é muito bom os pais guardarem na lembrança
que seus filhos crescerão e terão boa
memória. E saibam que as imagens, negativas ou positivas, depositadas na
mente deles nos primeiros anos de vida, ficarão gravadas no subconsciente para
sempre./.
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