Hoje vamos
falar de coisas amenas. Mas antes, ainda falo sobre uma jovem. Ela escreveu,
entre outras coisas, no dia 11.6, ao dirigir-se a mim: "... faço desde
‘galinha de cabidela’ até feijoada; que todos atribuem essas iguarias aos
nossos escravos; mas é..." – Os grifos são meus. – Por que dizer: “... aos
nossos escravos...” – Ela mantém escravidão nas tuas fazendas de gado leiteiro?
Com isso, resvalo no tempo, em direção à minha meninice: e confesso que o velho João Fernandes da Costa, meu avô, nunca foi senhor de escravos.
O velho João
Fernandes foi senhor só do Sítio São José. Além de atirar em veados, pescar,
caçar e contar certas bravatas, o velho João era chegado a umas negrinhas ou
branquinhas, lá mesmo do sítio dele; quem sabe, também dos sítios dos vizinhos.
Ainda que os vizinhos fossem os filhos legítimos do velho João Fernandes, meus
tios / minhas tias.
Negrinhas,
no bom sentido. Aliás, não existem negrinhas no mau sentido. Aquelas meninas
eram de bom calibre; as moradoras do São José, de propriedade do velho (o
sítio, não as negrinhas, nem as branquinhas eram propriedade do velho,
claro!) – E nem as morenas claras. Ele poderia, algumas vezes, até ter o enlace amoroso, sem essa de escravidão. Nunca ele pensou em ter a propriedade
daquelas criaturas. Como eu disse acima, ele não tinha pendores para
a escravidão.
Aqui, faço
um parêntesis: em alguns momentos, no texto ou fora dele, eu posso parecer meio
licencioso, libertino. Mas não sou. E sei que alguns e algumas até riem dos
meus chistes. Todavia (sempre gosto de uma via); todavia, eu ia dizendo: se
alguém me julga libertino, isso não me interessa. São pessoas que perderam o
trem na curva. Talvez, essas pessoas ostentem “moral” falsa, pra esconder seus
defeitos (delas).
E uma coisa
que me regozija é saber que as "moradoras" e os
"moradores", como nós chamávamos, ali eram bem alimentadas (os).
Havia frutas por todo o ano. E lavouras o ano inteiro. E não tinha essa de
pobre passar fome, tendo comida para os donos das terras, que eram o meu avô e
os filhos dele.
Aquelas moças moradoras e namoradeiras eram fortinhas, de
perninhas grossas. Coisa "louca". Loucura das boas! -
Ah, que saudade me dá! – Não é “saudade do bate-papo, do disse me disse, lá do
Café Nice”, não. É saudade das festas com as nossas “matutinhas” lá do São
José.
E saudade me
dá também, da passarada que ali habitava, pela força da natureza. Eram os
beija-flores que, nas suas evoluções alegres, mais pareciam pessoas ansiosas
dos dias de hoje. Mas só pareciam. Pois não tinham nada a ver com as ansiedades
das gentes cheias de “tubulações”, como diz u’a amiga minha, querendo dizer tribulações.
Os beija-flores voavam de arbusto a arbusto, beijando todas as flores que
encontrassem. E as andorinhas iam ligeiras, como nos dizia o Altemar Dutra.
Então, vinham
aqueles periquitos pequenos, passear junto a nós. Periquitos mansinhos e
lisinhos. Chamo de periquitos pequenos, de forma bem carinhosa. Mas havia os
papagaios; e os periquitos de tamanho razoável; assim como os periquitinhos
pequeninos. Estes, bem fofinhos e de plumas tão macias que dava gosto a gente
passar a mão naquela penugem! Aliás, penugem, só quando eles eram novos. Peninhas e pelinhos de qualquer cor; que as queríamos da cor que
viessem. E como era grande o nosso interesse de preservar o meio ambiente. Não
só os ambientes no meio. Também os ambientes dos cantos, dos cantinhos, por mais escondidinhos
que estes fossem. – Ah, que saudade me dá! Repito: não é saudade do Café Nice,
não. É saudade dos periquitos. Grandes ou pequenos. Todos inofensivos! Por vezes,
sonsinhos, o que lhes dava mais charme
**Até a próxima, ainda nessa linha; sem sair da linha. /.
**Até a próxima, ainda nessa linha; sem sair da linha. /.
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