segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Ubaldo, a crônica e o artigo





 
A Crônica e o artigo

Por Carlos Sena.

"Escrevo para não passar a vida em brancas nuvens." João Ubaldo Ribeiro é o autor desta frase. Perfeita. Porque o cronista não precisa escrever sobre o excêntrico, o sobrenatural. O que difere o cronista de outros estilos é a capacidade de transformar o cotidiano num motivo para "não passar a vida em brancas nuvens", conforme nos disse o balde. O balde? Não. Ubaldo. Debalde. Mas nunca em vão na qualidade do mote, do tema, no prosear com clareza e com substância para prender o leitor até o fim. Talvez por isso muitos vejam no gênero "crônica" um estilo menor da literatura, mas está provado que não é. Talvez porque esse seja o diferencial: fotografar o cotidiano com criatividade e retirar dele o que muitos não observam diante de sua obviandade. Ou não? Penso que sim. O cronista não busca no dia-a-dia um fato diferenciado, como o fazem os jornalistas. Só que a estes o fato tem que ser extraordinário. Se um cachorro morde uma pessoa, um cronista bom poderá retirar desse episódio um texto leve, cômico. Ou sério e irônico desde que conduza o leitor para um desfecho inesperado ou nem tanto, desde que contenha pitadas diferenciadas de ver o fato criativamente. Para um jornalista pouco importa se o cachorro mordeu alguém. Mas, se o cachorro mordeu uma cobra, aí sim, o jornalista terá pano pras mangas para fazer um bom artigo. Como se percebe, o mundo do cronista permite mesmo que ele viva intensamente. E faça de cada folha que cai, de cada dia que amanhece ou anoitece, de cada gesto nobre ou brega, enfim, de qualquer acontecimento, motivos de sobra para não "passar a vida em brancas nuvens", mesmo que as nuvens um dia mudem de cor. Mesmo que as cores se mudem em si, mesmo que o "si" sibile apenas uma nota musical. Assim, debalde nunca seria a existência do balde, perdão. Do Ubaldo, do João, daquele que está nas nuvens vendo e constatando o "porquê" de nunca tê-las passado em branco.

Para José F. Costa.
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José F. Costa CSENA = Carlos Sena: - Você e o Balde, aliás, Ubaldo, vocês deram o nó na crônica! - Ou melhor, deram o tom, a cor e a melodia da crônica. - 2. Se um cachorro morde um homem, não é notícia. - Mas se um "homem" morde um cachorro, aí os jornais e outros periódicos deitam e rolam. - E isso vai ser notícia aqui e na Europa. - Porque o "homem" mordeu o cachorro. - E vai dar o samba do cachorro doido. - 3. Vou levar sua crônica acima para o meu blog, que só tem UM leitor (UMA leitora). - ObrigadO pela honraria me já dá!! - Ou seja, que já me dá e já me deu. - Ou me já deu. (A honraria, ouviu)? - Se não ouviu, leia!! - Abração!! - UFA!! /.

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