domingo, 9 de julho de 2017

Violência contra a mulher






Mariana Costa

José Fernandes Costa – jfc.costa15@gmail.com

Mariana Menezes de Araújo Costa era sobrinha-neta do ex-presidente José Sarney. Classe média alta morava com as duas filhas numa rua nobre de São Luís do Maranhão: Rua São Luís Rei de França. Rua de nome tão nobre, para abrigar um crime tão ignóbil.
 Mariana tinha 33 anos de idade. Era publicitária e professora na Universidade Ceuma, em São Luís. – Além disso, e das tarefas do lar, frequentava os cultos do Templo Evangélico Batista Olho d’Água. Era devota e lá ela entoava cânticos e orações.
No dia 13.11.2016, um domingo, Mariana saiu do culto no templo. Foi levada pra casa pelo cunhado Lucas Leite Ribeiro, que também estava no templo. Ao deixar Mariana em casa, Lucas Ribeiro voltou minutos depois ao apartamento dela. Cerca de 40 minutos após, Lucas Leite Ribeiro, de 37 anos, havia assassinado Mariana, por asfixia. O psicopata Lucas, que dizem ser homossexual, está preso no Complexo Penitenciário de Pedrinhas. – Por ser “empresário bem-sucedido”, logo, logo poderá estar solto, pra matar mais mulheres.
Lucas Ribeiro havia dado carona à cunhada Mariana, após participarem do culto religioso, naquele domingo fatídico. – Deixou-a em casa e saiu cerca de três minutos após. Mas voltou ao prédio onde morava Mariana, em 40 minutos. A porta do apartamento estava aberta, porque as crianças de Mariana estavam na piscina. – Lucas encontrou Mariana no quarto dela, saindo do banho. – Diz ele que Mariana estava despida.
Ao delegado de polícia o facínora Lucas disse que “tinha um desejo incontido de possuir sexualmente Mariana”. E aproveitou aquele momento, porque “não resistiu a vontade”! – E por que Lucas voltou ao prédio? – Então, não foi o momento. Foi crime premeditado.
Mariana resistiu aos ataques do cunhado criminoso! Tanto que ele desceu do prédio, após consumar seus instintos escabrosos, bastante nervoso, transtornado. E com braços e rosto arranhados. Prova de que Mariana lutou com o infeliz cunhado, antes de ser desfalecida.
Irado, por ter encontrado resistência, Lucas sufocou Mariana com um travesseiro até que ela agonizasse; e, em seguida, estupro-a e a matou. De imediato, o homicida desceu do 9º andar do prédio, onde se deu o crime, pelas escadas. Não usou mais o elevador. Foi filmado pelas câmeras do edifício; e não teve como negar. Confessou à polícia ter matado a cunhada.
Pelo que se sabe, Lucas é homossexual. Mariana sabia disso e estava se preparando pra contar à irmã Carolina, esposa daquele monstro. Carol talvez não soubesse ainda de mais essa mancha, agora, homossexual nas costas do marido. – Ele, ao saber do plano da cunhada, resolveu acabar com a vida dela.
O que se sabe é que ele está num lugar “bom e seguro”: está no Complexo de Pedrinhas, aquele presídio que ficou muito conhecido; até famoso nacionalmente. – Numa rebelião entre três facções criminosas, em Pedrinhas, os presos degolavam seus inimigos e jogavam bola com a cabeça do degolado. – É pena que Lucas possa sair de Pedrinhas em pouco tempo, antes de ser degolado, também.
Passado criminoso de Lucas Ribeiro: havia tempos que Lucas vivia às voltas com a polícia, por vários crimes: estelionato; porte ilegal de armas; falsa comunicação de crime: tinha forjado o roubo de um veículo de sua propriedade, pra receber a indenização da seguradora. – Essa era a rotina criminosa do Lucas.
E sua esposa, Carolina Costa mantinha a rotina da irmã Mariana, no Templo Evangélico Batista Olho d’água. – No sepultamento da irmã, Carol entoou, entre choro e soluços, este hino / louvor que Mariana mais gostava de cantar nos cultos: “Por toda a minha vida, Senhor, eu te louvarei; pois meu fôlego é tua vida e nunca me cansarei.”
De outra parte, o que se diz é que o marido de Mariana, Marcos Renato, era ausente na vida da esposa. – Razão por que o cunhado Lucas, dizem, era mais presente nos afazeres de Mariana do que o marido. – Sem qualquer suspeita de relacionamento íntimo entre ambos.
Hoje, por infelicidade, uma está morta e a outra está não se sabe como. – Porque: ter um marido envolvido em dezenas de crimes ou ter esse marido no Complexo de Pedrinhas, não faz muita diferença. – No dia seguinte ao homicídio (14.11) Lucas teve a prisão preventiva decretada. E foi encaminhado para o presídio.
A polícia começou as investigações pra desvendar a motivação da morte Mariana Costa. Mas já sabia que ela fora morta por asfixia e estrangulamento em seu apartamento, naquele dia 13. O cunhado dela, Lucas Porto continua preso e confessou o assassinato de Mariana.
A versão da homossexualidade de Lucas ganhou força com depoimentos de familiares da vítima: afirmaram que Mariana havia descoberto que o cunhado é homossexual e iria contar tudo pra irmã dela, Carolina. – Por isso, Mariana pagou com a vida. – Mais uma barbaridade contra as mulheres, entre tantas e tantas. /.

sábado, 8 de julho de 2017

Pontes Visgueiro




Mariquinhas e Pontes Visgueiro

José Fernandes Costa - Jfc.costa15@gmail.com
Um bárbaro assassinato de u’a mulher de 33 anos de idade, em São Luís (MA), chamou-me a atenção. Lembrei-me de que, em meados de 2015, escrevi artigo que foi publicado na Gazeta de Bom Conselho. – Falei sobre mulheres assassinadas por bestas-feras, que se dizem “apaixonados” por elas. Isto é, mulheres vítimas dos “homens”. Prometi, naquela época, dar prosseguimento ao triste tema, começando pelo crime cometido por José Cândido de Pontes Visgueiro, na mesma São Luís do Maranhão, no dia 14 de agosto de 1873.
Do recentíssimo 2015 para cá, inúmeras mulheres foram trucidadas por esses entes endiabrados que andam soltos. – Por isso, oportuno voltar no tempo; e falar de Pontes Visgueiro, que nasceu no dia 13 de outubro de 1811, na Vila de Maceió, da então comarca de Alagoas, que era vinculada à província de Pernambuco. – Como vemos, essa história de “homens” pretenderem ser donos das mulheres, remonta a milhares e milhares de anos.
Pontes Visgueiro era desembargador em São Luiz (MA), em 1872. Tinha 60 anos quando cometeu o monstruoso crime. – Ele matou, cruelmente, Maria da Conceição (Mariquinhas), que tinha 15 anos de idade; era adolescente pobre, prostituída pelos vis interesses pecuniários da própria mãe.
Com apenas 15 anos, Mariquinhas já era prostituta, porque a mãe dela se aproveitava da beleza da filha criança; e a levava para os homens de dinheiro desfrutarem do sexo da jovem, em troca de farto pagamento, que a velha mãe proxeneta da filha embolsava. Nas redações de jornais, nos tribunais, nos escritórios, onde houvesse homens com dinheiro e prestígio, a velha Luiza Sebastiana de Carvalho ia lá entregar a filha.
Visgueiro se “apaixonou” por Mariquinhas e queria que ela lhe fosse fiel acima de tudo. Visgueiro era tão mau que nem levava em conta a condição de Mariquinhas, nascida de u’a mãe sem qualquer formação. E criada por aquela infeliz mãe. A mãe de Mariquinhas tinha os olhos voltados só para o que o corpo da filha pudesse render. Era u’a mãe imoral, como imorais eram os coronéis em geral. – Note-se que essa mesma imoralidade campeia cinicamente nos dias de hoje.
Pontes Visgueiro, quando tinha 18 meses de idade foi acometido de uma febre maligna que o deixou surdo. E só aos cinco (5) anos começou a ouvir e falar. – Todavia, aos 40 anos tornou-se completamente surdo. – Ainda jovem, estudou num seminário em Olinda (PE). Mas não seguiu a carreira eclesiástica. Ingressou na Academia de Direito, em Olinda.
Na época, quis casar-se com u’a moça de família distinta, em Maceió; mas o pai de Visgueiro não consentiu e o transferiu para a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, São Paulo. – Em São Paulo ele já tinha comportamento violento e andava armado.
Formado em 1834, já era deputado provincial por Alagoas. Ao ser diplomado, foi ser juiz de Direito em Maceió. Então, candidatou-se a deputado geral. Juntamente com outros quatro eleitos, também da magistratura, foi “representar” Alagoas, na capital federal (1838/1841). – Sempre foi muito elogiado por sua “brilhante inteligência”.
Nos anos de 1848 a 1857, Pontes Visgueiro voltou à magistratura, indo para a província do Piauí. Logo chegou a desembargador, assumindo esse encargo no Maranhão. Como já estava surdo, ficava impossível ouvir os debates pra se manifestar nos autos, coisa indispensável pela natureza do cargo. – Pra contornar, em parte, esse problema, o governo imperial ofereceu-lhe o cargo de fiscal do Tribunal do Comércio da Província do Maranhão.
O relacionamento com Mariquinhas começou em 1872. Pontes Visgueiro escandalizou a “sociedade” de São Luís, com cenas patéticas, diante de Mariquinhas. A ponto de se ajoelhar pra beijar os pés da menina, nas ruas movimentadas da cidade. – Um desembargador prestar-se a tamanha humilhação, era demais, fosse onde fosse.
Como Mariquinhas não era fiel a Pontes Visgueiro, ele a atraiu para uma cilada e a matou, covarde e estupidamente, com ajuda de um criado que havia contratado exclusivamente para esse fim. – Quando chegou à casa de Visgueiro, acompanhada de Thereza de Jesus, com quem morava, Mariquinhas teve o pressentimento de que algo estava errado. Quis voltar com Thereza, mas era tarde para tanto. 
Depois de se servirem de doces etc., Thereza foi embora. Pontes Visgueiro mandou Mariquinhas subir para o quarto dele, dizendo que tinha um presente pra dar a ela. – E a matou de forma tão cruel que não deve ser descrita aqui. Depois de consumado o assassinato, Visgueiro pôs o corpo da menina num caixão de zinco, que havia mandado fazer pra “guardar” Mariquinhas. Tudo foi feito com a ajuda do empregado por ele contratado, que cumpria ordens do patrão. – Depois, chamou um compadre que era funileiro e mandou que ele soldasse bem o caixão.
Com as inúmeras pistas deixadas por Visgueiro, facilmente a polícia encontrou o caixão, alguns dias depois, enterrado no fundo do quintal da casa do desembargador. Visgueiro foi preso e mandado para o Rio de Janeiro, pra ser julgado pelo Supremo Tribunal de Justiça (nome de então). – Foi sentenciado à pena de galés (presos com correntes nos pés), grau máximo. – Por ter mais de 60 anos, essa pena foi substituída por prisão perpétua com trabalho. – Alguns historiadores daquela época dizem que Visgueiro morreu na prisão. – Outros dizem que ele fugiu pra Lisboa e não mais apareceu no Brasil. – A verdade, no entanto, nunca foi esclarecida.
A defesa de Visgueiro tentou desqualificar o crime, sob a alegação de que o homicida sofria de “desarranjos” mentais! – A promotoria afastou esse argumento. – O Tribunal, por unanimidade, rejeitou a tese da defesa; e rejeitou também a pena de morte pedida pela acusação. – Restou provado que o crime foi milimétrica e friamente premeditado. – Pontes Visgueiro perdeu o cargo de desembargador. – Evaristo de Morais (26.10.1871 — 30.6.1939) publicou livro dizendo que ali “houve erro judiciário”. – Não houve erro judiciário. – A frieza que o criminoso Visgueiro demonstrou tanto antes, quanto depois do horrendo crime, prova a premeditação com requintes de crueldade!
Visgueiro havia mandado fazer dois caixões, em São Luís: um de zinco e outro de cedro. – Numa ida a Teresina encomendou um terceiro caixão. E ainda comprou grande quantidade de clorofórmio pra preservar o corpo de Mariquinhas. – Tudo isso constou dos autos. E as pessoas envolvidas nesses preparativos depuseram em juízo: os três fabricantes dos caixões; o comerciante do clorofórmio; o funileiro que soldou o caixão de Mariquinhas etc. Assim também, o serviçal que foi obrigado por Visgueiro a ajudá-lo a executar o crime. /.