sábado, 1 de setembro de 2018

Linguagem







Linguagens: umas enxutas e outras manchadas
 José Fernandes Costa – jfc.costa15@gmail.com
           
Em 2012, Dalva Molina Mansano escreveu denso texto. Título: - “A LINGUAGEM ENXUTA DE GRACILIANO RAMOS” – Foi publicado no “Recanto das Letras”, em 9.6.2012. Dalva Molina é paranaense de Londrina. Naquela crônica, Dalva citou alguns escritores. Como destaque na prosa de ficção, ela deu ênfase aos escritores Graciliano Ramos, Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz, Jorge Amado, José Lins do Rego etc. – Mas Dalva direcionou sua análise ao modo peculiar do nosso Graciliano Ramos criar e desenvolver seus romances, artigos, crônicas e memórias num estilo próprio e enxuto. Segundo Dalva, Graciliano era “econômico nas palavras e se desfazia dos termos dispensáveis...”.
Dalva Molina se graduou na Faculdade Estadual de Londrina, em Letras Vernáculas, essencialmente literatura brasileira (língua portuguesa). Dalva fez especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Faculdade Campos Elíseos, de São Paulo. – Feito esse preâmbulo sobre linguagem enxuta, vou transcrever um período de renomado escritor daqui de Pernambuco. E, a seguir, externo minha opinião a respeito. Ei-lo:
 “No centenário de nascimento de Hermilo Borba Filho, a obra de Hermilo está sendo reeditada pela Cepe, a nossa editora oficial que abriu as portas para a criação pernambucana nesta notável administração de Ricardo Leitão, e os leitores mais jovens têm a oportunidade de ler aquele que foi sempre um guerrilheiro da palavra tanto na literatura – romances, novelas, contos – quanto no teatro, em artigos para jornais e revistas, no cinema – roteiros e esquetes – e onde pudesse manifestar a qualidade do seu texto, sempre no front.”
Agora, vai minha opinião a respeito: - Parece-me que o nosso escritor se perdeu na extensão do período e na falta de pontuação. Um período desse tamanho, para início de conversa, deixa o leitor perdido. E sem vontade de continuar lendo o artigo ou seja lá o que for. Além da falta de pausas, o período acima carece de sentido, no meu prejulgamento. Creio que qualquer leitor atento vai reparar esse desarranjo. Vai notar que as palavras ficaram rogando por algumas pausas silenciosas para que a oração pudesse ser ouvida e sentida.
Quando você se perde no emaranhado das palavras, sem pontuação, perde-se também na conclusão clara do desejado pensamento. A boa redação requer frases curtas, concisas. E períodos breves e precisos. Os manuais de redação preconizam essa forma de expor os textos em breves frases, para possibilitar o interesse do leitor. E a boa interpretação da matéria lida. Com o consequente entendimento por parte de quem ler.
Citei um exemplo real, somente. Mas poderia eu citar milhares de outros textos desconexos. Porque tem milhares de articulistas escrevendo períodos quilométricos que começam e terminam sem pé nem cabeça. E o leitor perde seu tempo. Salvo aqueles que abandonam tais leituras, tão logo começam. – Eu sou curioso e prossigo para ver no que dá.
2. Saindo da esfera dos “renomados” escritores, entro noutro assunto que me parece pertinente. Refiro-me à linguagem inadequada e desnecessária que certas pessoas costumam fazer uso em seus escritos. E tudo que é desnecessário, sobra no texto. Pego, como exemplo uma crônica que li num jornal, há alguns dias. – Falo desse do jornal local, mas poderia ser de qualquer lugar. De Manaus, de Porto Alegre etc.
Não citei o nome do nosso escritor acima; e também não vou mencionar o nome da cronista colaboradora do outro jornal. Apenas, adianto que a nossa cronista em foco, publicou outro dia, no mesmo jornal: “Uma questão de interpretação” – E esta, para não fugir à regra, foi bobona. – Sendo que a que veio antes foi horrível e até agressiva às nossas ouças.  Ademais, fora de propósito. – a) Falava de uma moça muito feia.
E por ser feia demais, não encontrava pretendentes para namoro e casamento. Então, o pai dela (da moça feia) contratou um “noivo” para a dita filha feia. O rapaz era filho de um amigo do pai. Teria sido um arranjo daqueles que eram feitos no século XX, entre os “coronéis”. Em certo dia o “noivo” foi conhecer a noiva feia, na casa dos pais dela.
Até aí a crônica seguia sem graça e sem consequências. – Ocorre que, segundo a cronista, após o almoço, a noiva feia foi mostrar os arredores da casa dos pais dela, ao pretenso noivo “bonitão”. – Na casa dela não havia sanitários, como ocorre nos sítios e fazendas! – E debaixo de umas árvores a moça começou a descrever o “sanitário” da família. Nessa tal descrição, o linguajar, o palavreado sem freios, fez a história descambar para a caixa de esgotos das crônicas sem conteúdos.
Mas vieram as inconsequências e as consequências tenebrosas. Pois a cronista dizia: “Aquele monte ali é da senhora minha mãe. Aquele outro lá é do senhor meu pai.” E cada vez mais ela acrescentava um nome asqueroso para explicar ao “namorado” a quem pertenciam os montes de fezes! Foi por essas descrições absurdas que o rapaz foi-se embora para nunca mais voltar. Assim, terminou aquela crônica.
Esse tipo de escrevinhadores, a meu ver, não soma nada! É o que eu chamo de escritas infelizes. – Porque aquilo que nada acrescenta, se não existir, nenhuma falta faz. Nem ao leitor, nem ao jornal que a publica. – Presumo que a direção desse jornal somente publica tais coisas pela consideração que tem aos seus colaboradores! E, de igual modo, também publica as sandices de um doidivanas, que se diz "poeta"! – Todavia, há colaboradores e “colaboradores”! – ¡Y sanseacabó! /.

Um comentário:

  1. Às 9h54 do sábado: 1° de setembro de 2018.
    Tirando o zero à esquerda... No lugar dos dois pontos: entra a letra h.

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