Linguagens:
umas enxutas e outras manchadas
Em
2012, Dalva Molina Mansano escreveu denso texto. Título: - “A
LINGUAGEM ENXUTA DE GRACILIANO RAMOS” – Foi publicado no “Recanto das
Letras”, em 9.6.2012. Dalva Molina é paranaense de Londrina. Naquela
crônica, Dalva citou alguns escritores. Como destaque na prosa de ficção, ela
deu ênfase aos escritores Graciliano Ramos, Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz,
Jorge Amado, José Lins do Rego etc. – Mas Dalva direcionou sua análise ao modo
peculiar do nosso Graciliano Ramos criar e desenvolver seus romances,
artigos, crônicas e memórias num estilo próprio e enxuto. Segundo Dalva,
Graciliano era “econômico nas palavras e se desfazia dos termos dispensáveis...”.
Dalva Molina se graduou na Faculdade Estadual de
Londrina, em Letras Vernáculas, essencialmente literatura brasileira
(língua portuguesa). Dalva fez especialização em Língua Portuguesa e
Literatura, na Faculdade Campos Elíseos, de São Paulo. – Feito esse preâmbulo
sobre linguagem enxuta, vou transcrever um período de renomado escritor
daqui de Pernambuco. E, a seguir, externo minha opinião a respeito. Ei-lo:
“No centenário de
nascimento de Hermilo Borba Filho, a obra de Hermilo está sendo reeditada pela
Cepe, a nossa editora oficial que abriu as portas para a criação pernambucana
nesta notável administração de Ricardo Leitão, e os leitores mais jovens têm a
oportunidade de ler aquele que foi sempre um guerrilheiro da palavra tanto na
literatura – romances, novelas, contos – quanto no teatro, em artigos para
jornais e revistas, no cinema – roteiros e esquetes – e onde pudesse manifestar
a qualidade do seu texto, sempre no front.”
Agora, vai minha opinião a respeito: - Parece-me
que o nosso escritor se perdeu na extensão do período e na falta de pontuação.
Um período desse tamanho, para início de conversa, deixa o leitor perdido. E
sem vontade de continuar lendo o artigo ou seja lá o que for. Além da falta de
pausas, o período acima carece de sentido, no meu prejulgamento. Creio que
qualquer leitor atento vai reparar esse desarranjo. Vai notar que as palavras
ficaram rogando por algumas pausas silenciosas para que a oração pudesse ser
ouvida e sentida.
Quando você se perde no emaranhado das palavras,
sem pontuação, perde-se também na conclusão clara do desejado pensamento. A boa
redação requer frases curtas, concisas. E períodos breves e precisos. Os
manuais de redação preconizam essa forma de expor os textos em breves frases,
para possibilitar o interesse do leitor. E a boa interpretação da matéria lida.
Com o consequente entendimento por parte de quem ler.
Citei um exemplo real, somente. Mas poderia eu
citar milhares de outros textos desconexos. Porque tem milhares de articulistas
escrevendo períodos quilométricos que começam e terminam sem pé nem cabeça. E o
leitor perde seu tempo. Salvo aqueles que abandonam tais leituras, tão logo
começam. – Eu sou curioso e prossigo para ver no que dá.
2. Saindo da esfera dos “renomados” escritores,
entro noutro assunto que me parece pertinente. Refiro-me à linguagem inadequada
e desnecessária que certas pessoas costumam fazer uso em seus escritos. E tudo
que é desnecessário, sobra no texto. Pego, como exemplo uma crônica que li num
jornal, há alguns dias. – Falo desse do jornal local, mas poderia ser de
qualquer lugar. De Manaus, de Porto Alegre etc.
Não citei o nome do nosso escritor acima; e também
não vou mencionar o nome da cronista colaboradora do outro jornal. Apenas,
adianto que a nossa cronista em foco, publicou outro dia, no mesmo jornal: “Uma
questão de interpretação” – E esta, para não fugir à regra, foi bobona. –
Sendo que a que veio antes foi horrível e até agressiva às nossas
ouças. Ademais, fora de propósito. – a) Falava de uma moça muito feia.
E por ser feia demais, não encontrava pretendentes
para namoro e casamento. Então, o pai dela (da moça feia) contratou um “noivo”
para a dita filha feia. O rapaz era filho de um amigo do pai. Teria sido um
arranjo daqueles que eram feitos no século XX, entre os “coronéis”. Em certo
dia o “noivo” foi conhecer a noiva feia, na casa dos pais dela.
Até aí a crônica seguia sem graça e sem
consequências. – Ocorre que, segundo a cronista, após o almoço, a noiva feia
foi mostrar os arredores da casa dos pais dela, ao pretenso noivo “bonitão”. –
Na casa dela não havia sanitários, como ocorre nos sítios e fazendas! – E
debaixo de umas árvores a moça começou a descrever o “sanitário” da
família. Nessa tal descrição, o linguajar, o palavreado sem freios, fez a
história descambar para a caixa de esgotos das crônicas sem conteúdos.
Mas vieram as inconsequências e as consequências
tenebrosas. Pois a cronista dizia: “Aquele monte ali é da senhora minha mãe.
Aquele outro lá é do senhor meu pai.” E cada vez mais ela acrescentava um nome
asqueroso para explicar ao “namorado” a quem pertenciam os montes de fezes! Foi
por essas descrições absurdas que o rapaz foi-se embora para nunca mais voltar.
Assim, terminou aquela crônica.
Esse tipo de escrevinhadores, a meu ver, não soma
nada! É o que eu chamo de escritas infelizes. – Porque aquilo que nada
acrescenta, se não existir, nenhuma falta faz. Nem ao leitor, nem ao jornal que
a publica. – Presumo que a direção desse jornal somente publica tais
coisas pela consideração que tem aos seus colaboradores! E, de igual modo,
também publica as sandices de um doidivanas, que se diz "poeta"! –
Todavia, há colaboradores e “colaboradores”! – ¡Y sanseacabó! /.
Às 9h54 do sábado: 1° de setembro de 2018.
ResponderExcluirTirando o zero à esquerda... No lugar dos dois pontos: entra a letra h.