segunda-feira, 2 de julho de 2012




Erros, defeitos, virtudes

José Fernandes Costa

            Numa revista de pequena circulação, anotei, dentre outras, a seguinte oração, atribuída a uma criança que se dirigia a seus pais, nestes termos: - “Não se mostrem para mim como pessoas perfeitas e infalíveis. Ficarei extremamente chocado (a) quando descobrir os erros de vocês”. – Essa sentença enfeixa forte dose de realidade, além de conter bastantes ensinamentos.

Porquanto, muitos pais se julgam donos de todas as verdades e de todas as virtudes. Não reconhecem seus erros, tampouco admitem discuti-los. Também não aceitam debater pontos de vista porque, nem sequer, entendem que possam cometer enganos. Contudo, os filhos descobrirão, em pouco tempo, não só uma, mas centenas de meias verdades e inúmeras contradições, se elas existirem. A esses pais falta um traço fundamental da personalidade humana, qual seja: a humildade. Essa incapacidade de reconhecer os defeitos diante dos filhos faz com que muitos pais tropecem nos próprios fracassos. E só muito adiante se advirtam disso, quando poderá ser muito tarde.

         Humildade é qualidade que se completa com firmeza. E a falta de humildade é medo de não ter autoridade. – Autoridade é condição básica para quem cria e educa. Mas ela deve ser exercida com bondade, firmeza, serenidade e tom de voz que não amedronte nem humilhe. – Existem pais que nunca pediram desculpas a um filho, nem retiraram uma vírgula de um “sermão” desastrado e agressivo, somente porque sempre temeram perder a autoridade; talvez porque nunca tiveram autoridade verdadeira. Isto é, autoridade respeitosa. – Ou, ainda, por imaginarem ser humilhação admitir erros.

Quem assim age, deixa escapar boa oportunidade de ser pai na sua plenitude. Pai para todas as horas, prestigiados e admirados pelos filhos. Quando passa o calor das discórdias, muitos desses pais até se dão conta dos inúmeros erros e se arrependem de grosserias cometidas. Mesmo assim, preferem sofrer calados - e alguns sofrem de verdade - a terem de dar o braço a torcer diante de um filho.

         No entanto, não são somente os desencontros de opiniões que afetam as relações pais e filhos. Há, também, os desvios de comportamento e os defeitos morais, que são muito mais graves. E que se procura esconder a todo custo e por todo o tempo, mas que, um dia, serão descobertos. E é na hora da descoberta de tais defeitos que os filhos ficam extremamente chocados, com a dúbia e dupla moral - faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço -, daqueles que têm o sagrado dever de servirem de exemplos e modelos para seus filhos.

         Por tudo isso, é muito bom os pais guardarem na lembrança que seus filhos crescerão e terão boa memória. E saibam que as imagens, negativas ou positivas, depositadas na mente deles nos primeiros anos de vida, ficarão gravadas no subconsciente para sempre./.

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